quinta-feira, 18 de outubro de 2007


Recupero aqui uma velha crítica enviada ao site internet do Cine Cartaz do Público em 17 de Agosto de 2005.
Curiosamente, pesquisando a programação de cinema para o próximo fim-de-semana, deparei-me com a referida crítica, ainda disponível no referido site.
Ignorado e vilipendiado.
Mais uma vez é pena que um filme europeu seja ignorado e vilipendiado pela crítica oficial (que me atreveria a designar de regime!). Mas compreendo até que a maioria dos críticos não tenham ido ver o filme ou o não tenham compreendido. Não sei se os "Cahiers", "American Cinematographer" ou a "Première" fizeram alguma alguma recensão crítica... Efectivamente para se compreender e gostar do filme é necessário conhecer-se a cultura italiana actual, não propriamente as críticas dos colegas europeus ou ter ido a um festival onde o filme foi anteriormente projectado! Mas avance-se...Gengibre e Canela é uma comédia "spensierata" e divertida, sem pretensões psíquicas a fazer reviver Billy Wilder ou Frank Borgaze, Capra ou mesmo Hawks. É cinema tal como é entendido hoje em Itália, de um modo genérico, na tradição das comédias de De Sica ou filmes com Totó e Sordi. Depois vive, ainda que num registo algo forçado, de um quarteto de bons actores, sobretudo a intérprete da personagem principal. Lá está... conhecer Itália... a miúda é uma típica adolescente italiana. Não é necessário grandes estudos, basta ver alguns episódios de algumas séries televisivas italianas acessíveis na RAI ou Mediaset (via satélite digital/parabólica). O que quero vincar é que fosse uma comédia americana "à la" "American Pie" ou uma alarvice cómica dos estúdios de Hollywood e a crítica teria embandeirado em arco falando-nos (bem ou mal) do filme. É um filme italiano, vem ostracizado. (Des)gostos não se discutem... Felizmente, o filme já ultrapassou as três semanas de exibição!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Mi piacerebbe esserci..! (Gostaria de lá estar)...

Mai um festival de cinema. Este não em Lisboa, mas na capital do País com uma das melhores cinematografias (se não a melhor) do Mundo. A Festa do Cinema vai acontecer por estes dias em Roma.
A quem nos visitar deixo a sugestão de navegarem no site do "dito cujo": CINEMA. Festa internazionale di Roma.
Afazeres profissionais e académicos impedem-me de postar com mais frequência. Espero brevemente voltar mais amiúde à blogosfera...

domingo, 14 de outubro de 2007

O Sabor da Melancia, ou "Os Enganos da Razão Crítica"


O "Sabor da Melancia", de Tsai Ming-liang, é um daqueles filmes hiper acariciados por uma certa faixa da crítica cinemaográfica lusa. Fui vê-lo, relativamente contrariado, pesava mais na minha decisão "China, China" de J.P. Rodrigues e J.R. Guerra da Mata (e este, sim, vale o bilhete!), até porque o que conhecia de Tsai, um filme anterior, 'He liu'/The River', tinha-se revelado, o que em jargão cinéfilo se designa por "uma grande seca". Contudo, queria aferir, de persona, o porquê deste incensar de Tsai Ming-liang por uma certa crítica. Tal atitude é priva, na minha opinião, de caução artística para tal.

Este filme não traz nada de novo à criação cinematográfica. Não revela sequer uma nova linguagem. É um filme misógino, citacionista, copia descaradamente planos de Tati e Demy, e a crítica subjacente à indústria do cinema pornográfico, querendo ter graça, não tem graça nenhuma: falta-lhe espessor e peca por não ter uma visão hetero da questão, isto é, objectiva.

Enfim, tanta parra para pouca uva! (Apesar da quantidade de melancias e sumo da mesma!!!).

Por outro lado - e daí o título deste post - um filme, esse sim com uma nova linguagem e a poder merecer alguma condescendência crítica, Nuovomondo (The Golden Door/A Porta da Fortuna) de um 'bravo' cineasta italiano, Crialese, passa despercebido e ostracizado pela crítica, quando não maltratado com uma miserável bolinha!!!

Enfim, gostos não se discutem. Mas mais uma vez me convenço que Truffaut tinha razão quando dizia algo como "todos temos duas profissões, a que efectivamente exercemos e a de crítico de cinema"! Ele lá saberia porquê...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Se o DIP existisse, não haveria ditadura em Myanamar





É verdade, se o Direito Internacional Público não fosse uma 'ficção', não haveria ditadura em Myanamar.
O que está suceder na Birmânia (Myanamar) é o exemplo visível da hipocrisia internacional relativamente aos direitos humanos. Não será de estranhar pois, que um dos principais aliados desse ignóbil regime seja a China!
Esperemos que quando a Comunidade Internacional se decidir a intervir não seja já demasiado tarde. As sanções que a União Europeia está a aplicar/ou pretende aplicar temos sejam insuficientes. Seria necessário ir mais além... A conjuntura político-social da área é delicada, pelo que os abutres imperialistas têm algum receio de atacar as reservas naturais, uma vez que outros predadores por lá rondam!

Faço minhas as palavras de S.S. o Dalai Lama: "Today, we are truly a global family. What happens in one part of the world may affect us all."

Tudo isto me recorda o meu exame escrito de Direito Internacional Público onde já em 85/86 eu defendia a total impotência e inoperabilidade da ONU enquanto continuar a ser controlada e manipulada pelo veto alternado de Estados militarizados com uma História manchada por tantos crimes de guerra e políticos.A diplomacia passa sem dúvida por equilíbrios sustentados no poder de dissuasão, na defesa de interesses económicos, mas deveria talvez refundar-se e basear-se sobretudo na Moral e no bom senso.