quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Contra a ignorância...



"Contra a ignorância até os deuses lutam em vão" (Goethe)

A longa viagem do ser humano em busca de melhores condições de vida
Desde sempre o Homem migrou. Aliás, a génese da civilização humana deriva da mobilidade do ser humano. Acreditando na versão bíblica da criação do Mundo (como penso o fará a grande maioria dos simpatizantes do PNR e de todos os partidos e/ou movimentos de extrema-direita por essa Europa fora) não é difícil imaginarmos os descendentes de Adão e Eva em migração por essa Terra fora em busca de novos territórios e melhores condições de vida!
Enfim, é tão ínsito ao ser humano o adaptar-se e resignar-se à situação e condições em que vive quanto partir à descoberta de novos mundos (não foi isso que os Heróis Nacionais [tão caros ao imaginário Nacionalista] fizeram ao partirem da nossa costa em naves por vezes periclitantes desafiando o destino?).
Não saíndo do imaginário nacionalista, será curioso saber o que pensam certos defensores da Pátria quanto ao facto de o nosso primeiro rei, ser ele próprio um emigrante, pois vinha da Borgonha!
Sem necessidade de nos reportarmos a tempos imemoriais, onde as migrações das populações estão por demais atestadas cientificamente, podemos fixar-nos nos dois séculos passados para verificar que o Homem sempre imigrou.
A partir do nosso país houve vários surtos migratórios: para o Brasil, Venezuela e Argentina, para o Canadá e Estados Unidos e durante o salazarismo emigrou-se sobretudo para França, Alemanha e Luxemburgo. Mais recentemente, já depois de Abril, portugueses houve e há que partem para Inglaterra ou então para a vizinha Espanha.
Se hoje somos uma país acolhedor de imigrantes, temos sido, fomos, um país de emigrantes; daí sabermos pela história contemporânea e muitas vezes através de relatos directos de familiares o que foi a emigração, o que é a condição de imigrante.
É pois importante que Portugal se empenhe para que toda e qualquer pessoa, desde o primeiro momento em que se encontra em território português possa usufruir dos direitos fundamentais, sem distinção de sexo, etnia, religião, condiçãos social. Ao mesmo tempo, toda a pessoa que viva em Portugal deve respeitar os valores em que se baseia a sociedade, os direitos dos outros, os deveres de solidariedade exigidos pela lei.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

À propos de… “Aquele Querido Mês de Agosto”

Devo confessar que fui ver o filme com algumas ‘precauções’, seja pelas entrevistas que tinha lido com o realizador, seja por um certo “embandeirar” de alguns críticos que me merecem uma certa reserva ‘mental’! No final da sessão o saldo foi bastante positivo.
O filme é muito bom, muito bom, mesmo!... Apesar de pensar que a sua duração podia e deveria ser inferior. Mas o que mais gostei neste filme é a veracidade da narrativa e a estética documental.
É um filme ético e impregnado de um panteísmo delicioso. Tem algo que me recorda “Onde Bate o Sol” de Joaquim Pinto e de “Agosto” de Jorge Silva Melo, só que mais conseguido. Parece inclusive um ‘remake’ de uma qualquer obra-prima neo-realista.
Para quem como eu nasceu e viveu até ao fim da adolescência na província, não pode se não rever-se naquelas cenas e recordar o passado próximo. Mais, no meu caso, é ainda algo mais, esta é uma história (um filme) que gostaria de realizar. Não idêntico, mas parecido. Pessoalmente, as cenas de baile tê-las-ia filmado em travelling, planos longos e picados, com uma montagem mais “à la Tarantino”…
Ressalvo duas cenas lindíssimas: a do beijo sobre a ponte com os bombos a passar, muito bem conseguida, em que o som dos tambores se sobrepõe ao rumor que podemos imaginar daqueles dois corações palpitantes; e o passeio de moto do mesmo par amorosos pelas estradas de Arganil (a recordar-me as sequências de Moretti na Vespa em ‘Caro Diario’).
Mais haveria para dizer, e tentarei fazê-lo logo que possível. Para já só estas linhas, neste meu regresso à blogosfera.